quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A religião e a sua influência na relação Homem e Meio Ambiente.





 
Ser dragão tupi or not tupi,
ser Dragão tão-só,
tão-somente cuspir fogo
como uma entidade intraterrena, de dentro, do submundo:
um vulcão,
um deus de dentro,
Hades desse lado de cá –  Moloch Infernus Br.
Lisa Alves (Deuses Ruminantes na Terra do Sol) 

 






Por Lisa Alves


          Desde o principio da história da humanidade o entendimento com o meio ambiente caracterizou a própria aptidão de sobrevivência da espécie, na medida em que existia uma dependência de nossa parte para se alimentar, se abrigar e se defender de possíveis predadores. Havia uma conexão tão forte com o planeta e seus elementos por nossa parte que criamos, naqueles tempos, uma divinização e veneração pela mãe-natureza.  Exemplo disso está na antiga civilização grega, cuja terra, a mãe-natureza, existia em função de seus filhos, tal como cantava Hesíodo em Teogonia (séc. VIII a.C):



"Gaia de amplos seios, base segura para

sempre oferecida a todos os seres vivos".



Cabia a nossa espécie proteger o planeta, a Grande Mãe, cientes que a sua ruína suscitaria na própria quebra da lógica da vida. E com essa percepção havia uma postura de união com a natureza – a quem careceria preservar, santificar e honrar.

             
           De modo completamente avesso a essa visão de mundo vivenciado pelos  gregos, deparamos  com a  concepção  judaico-cristã  que mirava a Terra  como uma  propriedade dos homens a quem, conforme a Genesis: caberiam dominar os peixes do mar, as aves do céu, os  animais domésticos e subjugar a terra.



"Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.

Tenha ele domínio sobre os animais marinhos, sobre as aves, sobre os animais

domésticos e sobre os répteis. Domine a terra toda!”



"Multipliquem, encham a terra e tenham domínio sobre a terra.

Vocês são os senhores dos peixes, das aves e de todos os animais.”





                O meio ambiente incidiu, portanto, a ser enxergado como um  produto  oferecido aos homens,  e não  uma fonte divina de vida a qual caberia à dedicação filial. Por ser oferta de Deus (o único, residente fora do planeta), a natureza precisaria sustentar os homens e, por sua vez, se submeter aos caprichos humanos. A humanidade poderia explorar livremente os recursos naturais, pois sendo presente divino seriam inesgotáveis. 


           

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