luzes de avisos ou rumos ao longo da estrada da História.
Ela estava livre para se mover em qualquer direção ou mudar a pista."
De Volta a Istambul
O romance de Elif Shafak é uma obra realista e ao mesmo tempo fantástica que me proporcionou a mesma sensação indescritível ao ler Cem anos de Solidão (Gabriel Garcia Marques). De Volta a Istambul é um retrato belo, conflitante e cultural em torno de duas famílias interessantíssimas: uma armênia que vive em Tucson ( EUA) e a outra turca na bela Istambul.
Armanoush é uma jovem descendente de armênios, pais separados, nasceu e mora nos EUA e é uma compulsiva literária. Sua vida é resumida entre conflitos sobre sua verdadeira raiz, já que a mãe é uma convicta norte americana e o pai um armênio de uma família que luta pela sua tradição.
Asya nasceu e mora em Istambul, Turquia. Filha de mãe solteira é rodeada por tias moradoras de uma mesma residência. Leva uma vida resumida em um café freqüentado por artistas, o Café Kundera. Amante de Johnny Cash, dos existencialistas franceses e de um Cartunista Dipsomaníaco.
O encontro da duas jovens somam a uma história de quebra de preconceitos, de alianças entre culturas separadas pela violência do passado. Os tempos se cruzam, o sangue obviamente desigual é unido no passado. A borra de café lê a realidade em linhas metafísicas. O fantasioso e o místico pedem licença cientifica para completarem o mundo de mulheres subversivas, supersticiosas, intelectuais, esquizofrênicas, alienadas e sábias. Este é um pequeno resumo (para não dizer mínimo) de um forte, denso e maravilhoso livro.