Nas fotos: Héctor Magnetto |
Matéria bem esclarecedora, com elementos
históricos e sem isentar lados, a Carta Capital em 23 de dezembro de 2012 explana em O Leviatã Midiático sobre a polêmica que demonizou a presidente
da Argentina Cristina Kirchner:
“A distorção do
noticiário dos meios do grupo Clarín não tem limites. Denunciam graves
atentados à liberdade de expressão, e encontram amplo eco em seus congêneres em
outros países, a começar, claro, pelo Brasil, onde cinco grupos dão as cartas.
(...)
Evidentemente, não é de liberdade de expressão que se trata, e sim da liberdade de acumular
concessões...
(...)
Enroscos judiciais
à parte, a faceta mais visível da briga entre o governo e o Clarín gira ao
redor de um mesmo eixo, a formidável concentração de meios nas mãos do grupo.
Nunca é demais repetir sua participação no mercado: 42% das licenças de rádio,
59% da televisão fechada (a cabo), 39% da televisão aberta. São 254 canais de
televisão a cabo (algumas fontes mencionam apenas 237, o grupo diz que na
verdade são 158, a nova lei diz que não podem ser mais do que 24 licenças),
duas dúzias de televisões abertas (o limite permitido é dez).
(...)
Cabe registrar que
o governo de Cristina Kirchner não é, nem de longe, pioneiro nessa batalha
contra a concentração e, muito especialmente, contra o Clarín. O primeiro
presidente pós-ditadura, Raúl Alfonsín, tentou a mesma coisa. Chegou a mandar
fiscais da Receita invadirem a empresa e durante meses virar pelo avesso sua
contabilidade.
(...)
Por trás
desse conglomerado gigantesco, além do
mais, há histórias escabrosas. O jornal Clarín surgiu em 1945, de
forma relativamente modesta. Seu fundador, Roberto Noble, era um fervoroso
admirador de duas figuras que haviam marcado época e deixado um rastro de
barbaridades: um italiano chamado Benito Mussolini e um austríaco chamado Adolf
Hitler.
(...)
Na ditadura, o
jornal ganhou corpo e voz. E tornou-se um grupo importante, graças às manobras
de seu executivo, Héctor Magnetto, que começou como contador e hoje é o segundo
maior acionista da empresa.
(...)
Diante do tribunal, Lidia Papaleo contou como foi violada, agredida,
vexada. Teve o tímpano arrebentado a golpes de mão aberta contra o
ouvido. Muitas vezes, depois de estuprada, era levada de volta para a
cela e jogada, nua, no chão. “E então, contou ela ao juiz, ‘eles vinham e
cuspiam, urinavam e ejaculavam em cima de mim’.” Contou que até hoje, em seus pesadelos, revê o rosto
de seus torturadores. E disse que nenhum desses rostos a amedronta mais
que o do homem que a pressionou para assinar os documentos da venda da
Papel Prensa. Os olhos do homem que dizia, com uma voz serena e calma,
que ou ela assinava, ou veria sua filha ser morta, antes de ela mesma
ser assassinada. Esse homem chama-se Héctor Magnetto e é o presidente do Clarín, do qual detém 33% das ações.”
Leiam a matéria na
integra: Carta Capital
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