domingo, 12 de agosto de 2012

Da Servidão Moderna - O Filme

Michael Vincent Manalo




Capítulo I: Epigrafo 
“Meu otimismo está baseado na certeza que esta civilização vai desmoronar. Meu pessimismo em tudo aquilo que ela faz para arrastar-nos em sua queda.”

Capítulo II: A servidão voluntária
“Que época terrível esta, onde idiotas dirigem cegos.” - William Shakespeare
  
Capítulo III: A organização territorial e o habitat
“O urbanismo é a tomada do meio ambiente natural e humano pelo capitalismo que, ao desenvolver-se em sua lógica de dominação absoluta, refaz a totalidade do espaço como seu próprio cenário.” - Guy Debord, A sociedade do espetáculo
  
Capítulo IV: A mercadoria 
“A primeira vista, a mercadoria parece uma coisa simples, trivial, evidente, porém, analisando-a, vê-se complicada, dotada de sutilezas metafísicas e discussões teológicas.” - O Capital, Karl Marx, capítulo I, livro 4.

 Capítulo V: A Alimentação
“O que vem a ser alimento para um é veneno para o outro.” - Paracelso

Capítulo VI: A destruição do meio ambiente
Que triste é pensar que a Natureza fala e que a espécie humana não a escuta . - Victor Hugo

Capítulo VII: O trabalho
Trabalho, do latin Tripalium, três paus, instrumento de tortura.

Capítulo VIII: A colonização de todos os setores da vida
“é o homem inteiro que é condicionado ao comportamento produtivo pela organização do trabalho, e fora da fábrica ele conserva a mesma pele e a mesma cabeça.” - Christophe Dejours

Capítulo IX: A medicina mercantil 
"A medicina faz-nos morrer mais... "- Plutarco

Capítulo X: A obediência como segunda natureza
“De tanto obedecer, adquirimos reflexos de submissão.” - Anônimo

Capítulo XI: A repressão e a violência 
 “Sob um governo que prende qualquer homem injustamente, o único lugar digno para um homem justo é também a prisão.” - Henry David Thoreau, A desobediência civil

Capítulo XII: o dinheiro
“O que outrora se fazia “por amor a Deus”, hoje se faz por amor do dinheiro, isto é, daquilo que hoje confere o sentimento de poder mais elevado e a boa consciência.” - Aurora, Nietzsche

Capitulo XIII: Não há alternativa na organização social dominante.
Acta est fabula (a peça está representada)

Capítulo XIV: A imagem
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. - Antigo Testamento, Daniel 3 :18

Capítulo XV: A diversão
“A televisão aliena aos que a vêm, e não aos que a fazem.” - Patrick Poivre d’Arvor

Capítulo XVI: A linguagem 
“Nós acreditamos que dominamos as palavras, mas são as palavras que nos dominam.” - Alain Rey

Capítulo XVII: A ilusão do voto e da democracia parlamentar 
“Votar é abdicar.” - Élisée Reclus

Capítulo XVIII: O sistema mercantil totalitário
“A natureza não criou amos nem escravos, eu não quero dar nem receber leis.”- Denis Diderot

Capítulo XIX: Perspectivas
O poder não é para ser conquistado, ele deve ser destruído.

Capítulo XX: Epílogo

“Cavalheiros, a vida é muito curta… Se nós vivemos, vivemos para andar sobre a cabeça dos reis.”  - William Shakespeare, Henrique IV



Para ler o livro: "Da Servidão Moderna"

Para assistir o filme:


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Sr. Franco Atira Dor ou A Verdadeira História da Bela Adormecida





Ahn Young-joon/AP

"Nossas meninas estão longe daqui
Não temos com quem chorar e nem pra onde ir
Se lembra quando era só brincadeira?
Fingir ser soldado a tarde inteira? "

Soldados - Legião Urbana





Do lado de fora da casa seus filhos brincam de guerra e ele sorri, não por admiração paterna, mas por constatar que nada mudara: eles apenas colocam seus instintos de competição para fora, hoje é apenas uma brincadeira entre eles, amanhã poderão participar de uma guerra cuja brincadeira pertencerá a outros.  

Papai veja o tamanho da minha escopeta!  

Logo o filho mais velho retruca: 

A minha é mais potente do que a dele! 


E no papel de apaziguador de conflitos, desenvolve o seu veredicto


Meninos as duas são grandes e potentes, as chances de ganharem são as mesmas. 

Assim as crianças dão-se por satisfeitas ao saberem que o inimigo não possuí vantagens sobre o outro. O pai sentiu-se mal por iludi-los, mas necessita prepará-los para as falsas verdades do mundo, já que sabe que na vida real serão iludidos da mesma forma. Suas brincadeiras de vida são apenas preparativos para algo que já espera por eles. Lembrou-se de quando era criança e brincava de matar seu melhor amigo com uma espada de plástico e pode sentir mais tarde a mesma sensação da brincadeira quando tirou o melhor amigo de sua convivência. Era como matar de brincadeira, a pessoa física continua caminhando depois, mas em algum momento eles fingem que uma barreira invisível os separou.

Não entende o que leva a vida não ter um final, uma conclusão e algo fixo. Tudo precisa sofrer a presença de surpresas, a humanidade adora isso, é como uma criança que finge que não sabe qual o presente que o Papai Noel deixou ou como alguém que manda flores para si mesmo e emociona-se quando o florista bate à porta. Uma vez conheceu um sujeito que mandava presentes para si mesmo e cada vez que fazia isso inventava um remetente diferente observando a forma que o sujeito encontrou para driblar um cotidiano morno e sem emoções percebeu que todos ao seu redor faziam o mesmo e tudo isso não passava de uma brincadeira que envolvia o comprometimento de toda à humanidade: a brincadeira de matar a mesmice. Ela funcionava assim: todos fingiam que as formas, palavras, sentimentos, pessoas, objetos, atitudes eram novos e criavam palavras chaves para a brincadeira funcionar (a última sensação do momento, a nova criação, a nova era, a moda atual, o novo estilo de vida, a mulher moderna, a era tecnológica, transgênicos, doenças contemporâneas, gênoma humano, sexo virtual, nanotecnologia...), palavras que abrem as portas de uma fantasia mascarada de realidade. Palavras que se ritualizam inconscientemente na mente humana e contribuem para a transformação do velho no novo, do passado no presente e o surgimento do previsível.

Lá fora as crianças continuam a brincadeira de guerra e lá dentro ele morre aos pouquinhos como se nunca tivesse morrido aos pouquinhos antes. Cumpre o seu papel como a maioria que ele tanto subestima. A única diferença é que ele não está acordado para ver e nem para se negar a brincar.

sábado, 23 de junho de 2012

Mulheres do Cinema - uma Ponte com a Filosofia

por Lisa Alves


  TELMA E LOUISE

"Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é igualmente infinita em todos." 

Jean-Paul Sartre



 MARY GRIFFITH (Orações para Bobby)

"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras." 

Nietzsche




 A personagem sem nome de Charlotte Gainsbourg. (ANTICRISTO)

“O castigo como meio de redimir-se para com a pessoa prejudicada e sob uma forma qualquer (por exemplo, uma compensação em forma de dor).” 


Nietzsche - in Genealogia da Moral




 SELINA KYLE vulgo Mulher Gato (Batman – O Retorno, 1992)


“ Eu existo fora de mim, e por toda parte do mundo não há uma polegada sequer de meu caminho que não se insinue num caminho alheio. (...) A moral da ambigüidade será uma moral que recuse negar a priori que existentes separados possam ao mesmo tempo estar ligados entre si, que suas liberdades singulares possam forjar leis válidas para todos.” - 


Simone de Beauvoir




GRACE MARGARET MULLIGAN (DOGVILLE)

“Esse espaço fechado, recortado, vigiado em todos os seus pontos, onde os indivíduos
estão inseridos num lugar fixo, onde os menores movimentos são controlados, onde
todos os acontecimentos são registrados, (...) onde o poder é exercido sem divisão,
segundo uma figura hierárquica contínua, onde cada indivíduo é continuamente
localizado, examinado e distribuído… A ordem (…) prescreve a cada um seu lugar, a
cada um seu corpo, a cada um sua doença e sua morte, a cada um seu bem por meio de
um poder onipresente e onisciente (...) até a determinação final do indivíduo, do que o
caracteriza, do que lhe pertence, do que lhe acontece...” 


Foucault





 BEATRIX KIDDO (Kill Bill)

"O senso primitivo do justo — notadamente constante de diversas culturas antigas a instituições modernas — começa com a noção de que a vida humana é uma coisa vulnerável, uma coisa que pode ser invadida, ferida, violada de diversas maneiras pelas açoes de outros. Para esta penetração, a única cura que parece apropriada é a contrainvasão, igualmente deliberada, igualmente grave. E para equilibrar a balança verdadeiramente, a retribuição deve ser exatamente, estritamente proporcional à violação original. Ela difere da ação original apenas na sequência temporal e no fato de que é a sua resposta em vez da ação original — um fato freqüentemente obscurecido se há uma longa sequência de ações e contra-ações". 


Martha Craven Nussbaum




 
HANNA SCHMITZ  (O Leitor)

A ignorância é vizinha da maldade”. 

Provérbio árabe




AILEEN WUORNOS ( Monster – desejo assassino)

"Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas." 

Jean-Paul Sartre




terça-feira, 10 de abril de 2012

Debate de Noam Chomsky com Michel Foucault


“A verdadeira tarefa política, em uma sociedade como a nossa é criticar o jogo das instituições aparentemente neutras e independentes; criticá-las e atacá-las de tal maneira que a violência politica que se exerce obscuramente nelas, seja desmascarada e se possa lutar contra elas.” Michel Foucault


 “Um sistema federativo, descentralizado de associações livres, incorporando o econômico assim como outras instituições sociais, é o que me refiro como anarco-sindicalismo. “ Noam Chomsky



“É muito dificil definir a natureza humana e corremos o risco de incorrer em um erro como Mao Tse-Tung que  falava de natureza humana burguesa  e de natureza humana proletária, e considerava que eram tipos diferentes de natureza humana.”  Michel Foucault


“Nosso conceito de natureza humana é certamente limitado, parcial, condicionado socialmente, restrito por nossos defeitos de caráter e limitações da cultura intelectual na qual existimos.” Noam Chomsky







segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dia Logos - série I

por Lisa Alves


Dialogando com Karl Marx

O capitalismo tornou-se um sistema econômico dominante por ser o modelo mais compatível com um dos instintos mais impetuosos da nossa espécie: a competição.

Dialogando com a instituição "Papa"

A ética é uma idéia, uma formação e só pode ser alcançada através da busca por conhecimento. Ela não pode ser simplesmente agregada ao nosso comportamento como a sua irmã, a moral.  A ética é uma escolha do livre pensamento, a moral é pura imposição.

Dialogando com São Francisco de Assis.

A vaidade é uma necessidade de existir por alguns instantes através da aparência, do sucesso ou do intelecto. No fundo todos querem uma platéia, mesmo que seja apenas um reflexo no espelho.

Dialogando com Slavoj Zizek

Como assim: “ele não tem ideologia”? Claro que têm! Daqui  a alguns anos tomará o lugar de seu chefe!

Dialogando com Chico Bento

Nunca chegaremos a um consenso sobre a finalidade da arte. Talvez seja pelo simples fato dela não nascer para um fim e sim para embelezar, registrar e eternizar existências e acontecimentos. Você foi um registro caipirez da arte.



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Culturas de Resistência



Vivemos em uma época de liberdades e dentro dos nossos limites ocidentais consideramos absurda qualquer palavra que negue essa condição. Falamos, publicamos, reivindicamos, temos liberdade de expressão e nos expressamos (mesmo através da exposição de nossas intimidades nas redes sociais). O youtube e suas celebridades instantâneas, a inclusão digital que criou um novo tipo de comunidade global (hoje podemos debater idéias e conhecer novas culturas sem sair de casa). Temos em mãos uma ferramenta poderosa capaz de denunciar infrações aos direitos humanos, fazemos abaixo assinados com uma rapidez inimaginável, publicamos sem nenhum custo nossos livros e filmes na rede e sabemos que o objetivo disso tudo é o simples ato de comunicarmos sem nenhuma fronteira. Mas será que tudo é belo e lindo como parece? Será que a maioria utiliza essa liberdade para gerar mais liberdades? E a arte com mais de um milhão de acessos é arte ou um produto da sociedade do espetáculo?

A rede mundial de computadores é uma arma capaz de dizimar culturas e criar modelos de seres humanos egoístas, alienados e indiferentes e cabe a nós torná-la de fato uma ferramenta de libertação.

Recomendo Culturas de Resistência: um documentário que mostra as periferias do mundo e suas expressões artísticas: grafite, hip-hop, poesia, dança, quadrinhos e consegue demonstrar que ainda vivemos um tempo de desigualdades, um tempo de discórdias, um tempo de muito sangue derramado e que arte consegue quebrar muros e transformar armas de fogo em expressões libertárias.






Link para baixar com legenda em português Culturas de Resistência

domingo, 29 de maio de 2011

OVNIs - A MAIOR HISTÓRIA SEMPRE NEGADA

O documentário é uma soma de vários depoimentos e arquivos que provam a existência de troca tecnológica de seres não terrestres com grandes corporações do nosso planeta. Antigos e respeitáveis funcionários da NASA, CIA e outras grandes corporações resolvem se unir e dizer ao mundo fatos que foram sempre negados e que intencionalmente já viraram motivo de piada pela indústria do entretenimento. O que mais incomoda não é o fato desse contato ou desses seres existirem e sim o que um pequeno grupo do planeta faz com esse tipo de informação. Já imaginou a possibilidade da criação de automóveis auto-sustentáveis sem a necessidade de consumo de energia, feitos para durarem por longos períodos, não poluentes e com a possibilidade zero de matarem o condutor diante um acidente ou colisão? E se isso não fosse apenas uma possibilidade? E se hoje fosse dito que desde o nascimento dos seus bisavós nunca foi necessário nenhum tipo de usina para a produção de energia? Quanta poluição, mortes e acidentes não seriam evitados, hein?

Logo abaixo deixo a primeira parte do filme. Esta dividido em 10 partes que podem ser assistidas no youtube. Assistir, refletir e passar adiante!



sábado, 7 de maio de 2011

A vida e a morte são duas putas teatrais & La Belle Verte

"a única decisão verdadeiramente ética é 
cada um tomar para si a responsabilidade
de sua própria existência e da de seus filhos" (Mollison, 1990


Estou cheia de ter que reconquistar o mundo a cada dia.
As pessoas se satisfazem com palavras bonitas, olhares baixos, submissão teatral, o tal “pisar em ovos”. No fundo o que querem são mentiras, desculpas, beijos de Judas, abraços que mais esmagam do que confortam. Já estou quase nos trinta e posso afirmar com convicção lispectoriana que também estou cansada da vida. O mundo comemora mentiras: “Mataram Bin Laden”, “Obama é americano”, “No Ocidente as pessoas são livres”, “Todo super homem tem que usar uniforme azul, vermelho e branco”. A vida é bizarra, vejo as pessoas sonhando e idealizando coisas que não são delas, o sonho americano entra pela porta (ou melhor pela Janela Windows) durante dias e noites e invade o subconsciente leso da humanidade. Onde estou? Fui contaminada? Escapei antes? Infelizmente, não sei, sim e não! Fui contaminada e o antídoto vale uma vida. Já tem mais de um ano que li um livro que falava sobre a Turquia (costumes, cultura, religião, música) e fiquei com uma sensação estranha de que estou do lado errado. Acho que quero morrer em Istambul como uma das personagens centrais do livro e antes de ser enterrada gostaria que contratassem um grupo de mulheres para chorarem por mim, para que mesmo morta eu não me esqueça que a vida e a morte são duas putas teatrais.

Tudo isso é apenas para recomendar um filme "La Belle Verte" que está além do que podemos chegar. Talvez alguns milênios se descermos do palco. Um filme francês de 1996, escrito e dirigido por Coline Serreau, que também é a personagem central.

Lisa Alves 

__________________________________________________________________________________
"O planeta Terra, apesar de seu potencial paradisíaco, se tornou uma "piada cósmica" de humor quase negro. A admirável e rara beleza de nosso planeta azul, a multi diversidade da manifestação mineral, vegetal e animal de nosso orbe se tornou vítima de implacável algoz: a interferência humana.
O ser humano se tornou o algoz maior de si próprio.
___
LA BELLE VERTE, literalmente "a bela verde", traz uma mensagem daquilo que poderia ser nosso planeta Gaia, uma casa onde todos os seres vivem em perfeita harmonia com a Natureza, sem os "avanços tecnológicos" baseados em nossa Física mecanicista, mas com o domínio de "tecnologias" avançadas de telepatia, capacidade de teleportar-se e de viver em um permanente estado lúdico e de hedonismo inocente, onde brincar de acrobacias e meditações coletivas "ouvindo o silêncio" são partes importantes da vida diária.
Em nossa realidade presente temos um quadro representativo dos valores endeusados pela sociedade; o patético ambiente consumista dos movimentados "shopping centers", onde humanos robotizados, condicionados a comprar quinquilharias que não necessitam correm pra lá e cá perdidos em sua solidão e ilusões inconscientes. Não sabem que correm de si mesmos, correm para "lá e então", sem nunca estarem AQUI, AGORA." -

CRÉDITOS:
Coline Serreau, francesa, autora, diretora, responsável pela música original e personagem central, que teve a inspiração de criar esse curioso filme, que nos leva a imaginar um novo mundo de liberdade, paz, harmonia, bondade, amor, respeito, simplicidade e leveza DE SER.
Assista aqui.

sábado, 23 de abril de 2011