quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A guerra fria de nossos dias



Foto: Tom Gralish




 Lisa Alves (Histórias do Tempo das Cavernas)




Entrevista - VII




Não testemunhei nenhuma discrepância durante a guerra, a humanidade vive sempre em conflitos “frios”, a desigualdade social, cultural e territorial sempre foi um demonstrativo de plena destruição. Nossa sociedade é fascista, segue uma doutrina, nem que seja apenas no modo de se vestir e recusa todo o resto que se traja de forma diferenciada. Reclamam da guerra, pois a guerra veio para todos, bateu na porta de pobres e ricos, assassinou o latino e mastigou o ariano. “Mas e antes?” Hipócritas! Vocês aparecem aqui e querem um depoimento de mais uma vitima da guerra explicita, vão ter é um testemunho de alguém que sempre ergueu gente da vala desde que nasceu. Não me conscientizei agora não, percebia o caos econômico quando nossa gente conseguia comprar a cesta básica completa. Era assim que eu conseguia analisar nossa balança, quando o Estado não exportava o povo comia melhor e pagava menos por isso. Tudo acontecia na frente de todos. Repito: De todos! Já não éramos bem vindos no país deles, era uma labuta para obter uma porcaria de visto. Mas na hora deles sentarem a bunda de suas empresas no nosso território, tudo era moleza. Até que começamos a denunciar algumas empresas que desrespeitavam nossas leis trabalhistas. Até trabalho escravo essas malditas franquias e multinacionais praticavam. Era irônico ver a polícia dando paulada em trabalhador informal, mas eu nunca nessa vida assisti uma empresa informal levando bordoada. A diferença, respondendo a pergunta inicial, meus caros, é que na guerra todos estão sujeitos ao mesmo destino. Eu escapei, fiquei na minha, não escolhi lutar por nenhum lado que não fosse o meu próprio. É por isso que estou aqui, não foi milagre. Estão ouvindo? Foram doses e doses de lucidez.




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