Foto: Tom Gralish |
Lisa Alves (Histórias do Tempo das Cavernas)
Entrevista - VII
Não testemunhei nenhuma
discrepância durante a guerra, a humanidade vive sempre em conflitos “frios”, a
desigualdade social, cultural e territorial sempre foi um demonstrativo de
plena destruição. Nossa sociedade é fascista, segue uma doutrina, nem que seja
apenas no modo de se vestir e recusa todo o resto que se traja de forma
diferenciada. Reclamam da guerra, pois a guerra veio para todos, bateu na porta
de pobres e ricos, assassinou o latino e mastigou o ariano. “Mas e antes?”
Hipócritas! Vocês aparecem aqui e querem um depoimento de mais uma vitima da
guerra explicita, vão ter é um testemunho de alguém que sempre ergueu gente da
vala desde que nasceu. Não me conscientizei agora não, percebia o caos
econômico quando nossa gente conseguia comprar a cesta básica completa. Era
assim que eu conseguia analisar nossa balança, quando o Estado não exportava o
povo comia melhor e pagava menos por isso. Tudo acontecia na frente de todos.
Repito: De todos! Já não éramos bem vindos no país deles, era uma labuta para
obter uma porcaria de visto. Mas na hora deles sentarem a bunda de suas
empresas no nosso território, tudo era moleza. Até que começamos a denunciar algumas
empresas que desrespeitavam nossas leis trabalhistas. Até trabalho escravo
essas malditas franquias e multinacionais praticavam. Era irônico ver a polícia
dando paulada em trabalhador informal, mas eu nunca nessa vida assisti uma
empresa informal levando bordoada. A diferença, respondendo a pergunta inicial,
meus caros, é que na guerra todos estão sujeitos ao mesmo destino. Eu escapei,
fiquei na minha, não escolhi lutar por nenhum lado que não fosse o meu próprio.
É por isso que estou aqui, não foi milagre. Estão ouvindo? Foram doses e doses
de lucidez.
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