sábado, 7 de maio de 2011

A vida e a morte são duas putas teatrais & La Belle Verte

"a única decisão verdadeiramente ética é 
cada um tomar para si a responsabilidade
de sua própria existência e da de seus filhos" (Mollison, 1990


Estou cheia de ter que reconquistar o mundo a cada dia.
As pessoas se satisfazem com palavras bonitas, olhares baixos, submissão teatral, o tal “pisar em ovos”. No fundo o que querem são mentiras, desculpas, beijos de Judas, abraços que mais esmagam do que confortam. Já estou quase nos trinta e posso afirmar com convicção lispectoriana que também estou cansada da vida. O mundo comemora mentiras: “Mataram Bin Laden”, “Obama é americano”, “No Ocidente as pessoas são livres”, “Todo super homem tem que usar uniforme azul, vermelho e branco”. A vida é bizarra, vejo as pessoas sonhando e idealizando coisas que não são delas, o sonho americano entra pela porta (ou melhor pela Janela Windows) durante dias e noites e invade o subconsciente leso da humanidade. Onde estou? Fui contaminada? Escapei antes? Infelizmente, não sei, sim e não! Fui contaminada e o antídoto vale uma vida. Já tem mais de um ano que li um livro que falava sobre a Turquia (costumes, cultura, religião, música) e fiquei com uma sensação estranha de que estou do lado errado. Acho que quero morrer em Istambul como uma das personagens centrais do livro e antes de ser enterrada gostaria que contratassem um grupo de mulheres para chorarem por mim, para que mesmo morta eu não me esqueça que a vida e a morte são duas putas teatrais.

Tudo isso é apenas para recomendar um filme "La Belle Verte" que está além do que podemos chegar. Talvez alguns milênios se descermos do palco. Um filme francês de 1996, escrito e dirigido por Coline Serreau, que também é a personagem central.

Lisa Alves 

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"O planeta Terra, apesar de seu potencial paradisíaco, se tornou uma "piada cósmica" de humor quase negro. A admirável e rara beleza de nosso planeta azul, a multi diversidade da manifestação mineral, vegetal e animal de nosso orbe se tornou vítima de implacável algoz: a interferência humana.
O ser humano se tornou o algoz maior de si próprio.
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LA BELLE VERTE, literalmente "a bela verde", traz uma mensagem daquilo que poderia ser nosso planeta Gaia, uma casa onde todos os seres vivem em perfeita harmonia com a Natureza, sem os "avanços tecnológicos" baseados em nossa Física mecanicista, mas com o domínio de "tecnologias" avançadas de telepatia, capacidade de teleportar-se e de viver em um permanente estado lúdico e de hedonismo inocente, onde brincar de acrobacias e meditações coletivas "ouvindo o silêncio" são partes importantes da vida diária.
Em nossa realidade presente temos um quadro representativo dos valores endeusados pela sociedade; o patético ambiente consumista dos movimentados "shopping centers", onde humanos robotizados, condicionados a comprar quinquilharias que não necessitam correm pra lá e cá perdidos em sua solidão e ilusões inconscientes. Não sabem que correm de si mesmos, correm para "lá e então", sem nunca estarem AQUI, AGORA." -

CRÉDITOS:
Coline Serreau, francesa, autora, diretora, responsável pela música original e personagem central, que teve a inspiração de criar esse curioso filme, que nos leva a imaginar um novo mundo de liberdade, paz, harmonia, bondade, amor, respeito, simplicidade e leveza DE SER.
Assista aqui.

3 comentários:

  1. ...tá,
    tudo bem
    até certo ponto
    mas não procure
    nem abra precedente
    para a morte
    deixe que ela
    te encontre...
    vou ver o filme

    bj

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  2. Oi Lisa,
    permita-me discordar em parte.
    Será que nosso antiamericanismo se sustenta quando até para difundir estas idéias fazemos uso de suas invenções, a Janela Windows que vc cita?

    Concordo sobre suas observações a respeito do mundo das pessoas, e como já passei um pouquinho dos 30 posso dizer que minha utopias de transformação do mundo estão cada vez mais modestas. Tenho vivido cada vez mais um encolhimento de horizontes.

    Obrigado pela dica do filme, vou procurar ver.
    abraço

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  3. Olá Zaia, creio que a referencia ao Windows é a propria critica em si. O norte da américa não é mais um espaço geográfico, ele está bem dentro de nós, sua cultura já foi nos jogada por uma grande "Injeção Hipodérmica". Eu não sou antiamericana, sou antidominiocultural, antimonopolio, antiespecistas, anticlassicista.

    No mais fico grata pela leitura e opinião.

    abraços

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